Samuel z"l

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Samuel Furman nasceu no Rio Grande do Sul, na colônia de Quatro Irmãos, município de Erechim, em 20 de setembro de 1925. Seus pais, Lea (Luisa) Schartzman e Zisse (José) Furman, eram nascidos na Bessarábia, na cidade de Rashcov.

Seus avós maternos, Chaim Salomon Schartzman e Chendl (Janete), vieram para o Brasil por volta de 1911 com cinco filhos, quatro homens e uma mulher, Lea, sua mãe. Zisse chegou aqui sozinho depois de passar pelos Estados Unidos.

Samuel conta que seus pais casaram-se em Quatro Irmãos e tiveram cinco filhos: Maria, Sofia, Berta, Samuel e David, todos nascidos naquele município, onde seu pai era colono e trabalhava na terra. Ele recorda que para ir à escola eles saíam da colônia todos os dias e caminhavam cinco quilômetros até a vila (“amassando barro” em dias de chuva), onde ficava também o shil. Eles lavavam os pés antes de entrar na sala de aula e em Yom Tov.

Samuel lembra de alguns costumes, que para abater uma galinha ele ia até a vila e tinha que esperar um dia inteiro, porque só havia um shochet para 850 pessoas. Às vésperas de Pêssach a família recebia o tio David, que vinha de Passo Fundo, e com os outros tios preparavam e assavam as matsot para a família. Os furinhos eram feitos com carretilha ou com uma espora. O prato do jantar era frango, batatas, que eram cozidas com cebola frita, e depois colocavam matsá quebrada por cima.

Eles tinham um vizinho, Mendel Rabin, boa pessoa, que tinha uma filha, Hanna, e um de seus tios se interessou por ela, porém seu avô não deixou que eles se relacionassem porque, entre outros animais, Mendel criava um porco para vender. Seu avô era muito rigoroso e, por essa razão, depois disso, os tios foram para Passo Fundo para casar e só voltaram para comunicar o fato.

Samuel considera que nunca foi travesso; queria ser carpinteiro quando crescesse, mas aprendeu o ofício de alfaiate aos 19 anos aproximadamente.

Juntamente com as irmãs, Samuel veio para o sudeste, enquanto os pais e o irmão ficaram em Passo Fundo. Em 1944 ele foi para o Rio de Janeiro, onde ficou por seis meses morando com a irmã Berta, que era casada com Abrão Levitan e com quem teve três filhos, Janete, Marli e Artur.

Em seguida ele veio para S. Paulo sozinho trabalhar em confecção, e depois disso vieram seus pais e seu irmão David, que também aprendeu o ofício de alfaiate.

Depois de alguns anos Samuel aprendeu a costurar couro e trabalhou em várias oficinas de confecção no Bom Retiro. Ele conta ainda que era injusto que as mulheres ganhassem salário menor que os homens, pois isso tornava mais difícil que eles conseguissem empregos.

Samuel era sócio do clube Círculo Israelita e depois do Clube de Regatas Tietê, onde foi atleta veterano, conselheiro e diretor de atletismo. Ele praticava marcha atlética e corrida e chegou várias vezes a remar no rio Tietê.

Mora na Vila Anibal há 52 anos. É solteiro, mantém-se atualizado nas notícias, gosta de ouvir música, especialmente ópera, e sabe muito sobre o cinema de alguns anos atrás. Vai ao shil ali existente todos os dias pela manhã e ao Cabalat Shabat. Samuel é o guardião das chaves do shil.